Maria Benfeitas
Chamo-me Maria Benfeitas , estando pela 1ª vez a utilizar profissionalmente este meu apelido, o materno, em homenagem à minha mãe e também ao seu contributo, ainda que não intencional para a minha paixão e o meu propósito na área da saúde, sendo também esta a minha marca diferenciadora.
Desde criança pequena que a minha brincadeira preferida de faz de conta, como a de muitas outras meninas, era dar injeções e fazer curativos às minhas bonecas. Adorava quando tinha de “ir às vacinas” ou “levar uma injeção”, porque isso significava vir do Centro de Saúde ou do Centro de Enfermagem com 1 ou 2 seringas novas, prémios pelo meu bom comportamento e novas “ferramentas de trabalho”… Aquelas seringas que trazia, eram os meus brinquedos mais preciosos, até serem substituídos por novas.
A minha paixão pelas injeções e curativos não se limitava às bonecas, mas também às pessoas mais próximas. De facto, sempre que alguém se magoava, lá estava eu, pronta para fazer o tratamento, indo de imediato buscar a mala de 1ºs socorros que tínhamos lá em casa. O que eu adorava usar o mercurocromo (sim, eu ainda sou do tempo do mercurocromo* 😊)
Esta vontade de cuidar, de tratar, foi sempre resistindo à passagem do tempo, até que por volta dos meus 12/13 anos, e em virtude de uma doença grave da minha mãe, passei anos a percorrer quase todos os hospitais de Lisboa e arredores, conheci e falei com muitos médicos e com muitos outros profissionais de saúde. Mas foi com os enfermeiros que mais falei, com quem mais desabafei, com quem mais partilhei a minha preocupação, tristeza e angústia e foram eles que, comigo, estiveram com a minha mãe até ao fim.
A minha paixão e o meu fascínio pela área da saúde aprofundaram-se nesta fase, de anos, em que acompanhei a minha mãe e dela fui cuidadora. Foi também nesta fase que procurei mais conhecimento sobre a doença da minha mãe, tratamentos existentes e cuidados possíveis. Perguntava, lia, tentava saber o mais que conseguisse, sabendo que quanto maior o conhecimento, melhores seriam os cuidados que lhe poderia proporcionar. Chegou o momento em que já sabia quando era a hora de ir para o hospital, qual o tratamento que iria ser necessário naquela altura, conseguia antever o que aí vinha. Ficava tão maravilhada com os tratamentos, máquinas, exames, quanto triste e angustiada por eles não serem suficientes para a curar.
Ainda assim, e muito por culpa de um filme que vi quando teria uns 14/15 anos, em que o Gregory Peck era uma advogado que defendia uma causa quase impossível de defender, apaixonei-me também pelo Direito, não sabendo na altura quão diferente seria a realidade do que mostravam os filmes de Hollywood.
Nesta ignorância inocente, e também muito por culpa de influência familiar, acabei por escolher Direito. Fui advogada, jurista, consultora jurídica e formadora em várias áreas do direito.
Apesar de ter adorado o curso e o que ele me permitiu aprender e fazer em termos profissionais, o “bichinho” da saúde continuava bem presente dentro de mim, chamando-me recorrentemente, como que a lembrar-me que ainda faltava fazer alguma coisa na minha vida.
Assim, apesar do pouco tempo que tinha, por motivos profissionais e porque tinha entretanto sido mãe do meu 1º filho , decidi iniciar um novo curso de 5 anos, desta vez na área da saúde, de Medicina Tradicional Chinesa (MTC), algo profundamente transformador na minha vida. Esta transformação aconteceu não apenas porque era o início do sonho de uma vida, mas também porque a MTC trazia um conhecimento diferenciador à medicina convencional e podia acrescentar-lhe muito.
Lembro-me perfeitamente das conquistas que ajudei a concretizar, da felicidade e agradecimento genuíno das pessoas que ajudei nas minhas consultas.
Recordo por exemplo o episódio de um paciente com cerca de 35 anos, com Psoríase, que interferia com a sua vida profissional e a sua autoestima. Foi o paciente mais temeroso em relação às agulhas de acupuntura que tive até hoje e no 1º tratamento lembro-me que tentámos e desistimos várias vezes, até conseguir finalmente implementar o protocolo feito exclusivamente para ele. Dois dias depois entrou pelo consultório adentro, abraçou-me e com lágrimas nos olhos agradeceu-me e mostrou-me o que tinha acontecido…. A maioria das lesões tinham visivelmente melhorado e as mais pequenas tinham desaparecido. A partir desse dia aquele paciente vinha para as suas sessões como se viesse fazer a coisa mais agradável que já tinha feito na sua vida.
Estas pequenas/grandes conquistas eram tão importantes para mim quanto para os meus pacientes, mas, ainda assim, não era suficiente. Pensava muitas vezes em como seria interessante e benéfico para os meus pacientes, se pudesse integrar a medicina convencional e não convencional….e fui para Enfermagem…
E foi a partir daqui que tudo fez sentido…o que procurava, o que queria, qual o meu propósito.
Percebi, desde os primeiros estágios, e depois em contexto de trabalho, quer em oncologia, quer no bloco operatório ou em qualquer outro contexto, como as pessoas precisam de muito mais que um curativo, um medicamento ou um exame. As pessoas precisam efetivamente de alguém que as escute, que lhes segure a mão e lhes explique, de forma simples, direta e descomplicada, o que têm e quais os caminhos possíveis para a cura ou para a melhoria da sua condição clínica.
Percebi durante todo este tempo como as pessoas precisam saber mais saúde, para melhores e mais conscientes escolhas em relação aos seus cuidados e também para uma maior responsabilidade , porque conhecedoras, na prevenção da doença e na promoção da sua saúde.
Esta percepção, que se juntou à minha necessidade de mudar as coisas, fez com que chegasse aqui.
Não me bastava o conhecimento que partilhava com as pessoas que por mim passavam presencialmente. Isso já me parecia pouco. Era necessário chegar a mais pessoas, a mais famílias, com mais tempo, com maior disponibilidade. Qual a melhor forma para o fazer? Como? Lembro-me de compreender, com a pandemia que neste momento percorre o mundo, quanto as pessoas estavam/estão ávidas por saberem mais saúde, sobre formas de prevenção, sobre formas de tratamento, não apenas relativas à saúde física, mas também mental e emocional.
Que solução então para chegar a muitas pessoas, às famílias, de formas simples, descomplicada, mas com disponibilidade, tempo, verdade e vontade?
A formação online. Com ela descobri que posso atingir este meu propósito de vida, ensinar, aconselhar e dar a mão (mesmo que virtualmente) para ajudar pessoas e famílias a atingirem maiores e melhores conhecimentos em saúde, e com isso melhor aceder, compreender e fazer escolhas informadas em relação à sua saúde e à dos que amam, aos seus cuidados de saúde, à prevenção da doença e à promoção da saúde.
O todo é sempre maior e mais forte que a soma das partes, por isso, eu, contigo, com todos, seremos mais fortes e contribuiremos para mais e melhor saúde.
*mercurocromo – Antisséptico (desinfetante) tópico usado para pequenos cortes e esfoladuras. Já não se utiliza em vários países, nem em Portugal (desde 2001) devido à presença de mercúrio na sua composição.